A troca de mensagens apresentada revela, com sutileza, o antídoto para o que o sociólogo Zygmunt Bauman chamou de "Modernidade Líquida". Em um mundo onde os laços se desfazem com facilidade e a incerteza é a única constante, o pedido de Afonso — "envie umas boas palavras toda semana... preciso de boas energias e boas comunicações" — é um ato de resistência. É a busca por solidez e por aquilo que o filósofo Hartmut Rosa define como Ressonância: o desejo humano fundamental de não apenas existir no mundo, mas de se sentir tocado por ele e de responder a ele.
A resposta de Wanda, evocando a Desiderata (Max Ehrmann), traz à tona uma verdade ontológica frequentemente esquecida na correria produtivista denunciada por Byung-Chul Han na "Sociedade do Cansaço". Ao lembrar que "Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores", ela retira o indivíduo do isolamento do ego e o reinsere na teia da existência. Não somos acidentes biológicos lutando pela sobrevivência, mas partes integrantes de um todo cósmico que, como ela afirma, "vai cumprindo o seu destino". Essa visão dialoga com a ecologia profunda moderna: a cura para a angústia existencial reside no reconhecimento da nossa interdependência radical.
Por fim, as palavras de Brazil Anderson Nordeste introduzem a dimensão da confiança e da entrega (Amor Fati, ou o amor ao destino, revisitado). A sugestão de que "há um motivo para tudo" e o convite à entrega "em Suas mãos" ecoam a necessidade humana de sentido, tão explorada por Viktor Frankl. Mesmo diante do sofrimento ou da confusão, a capacidade de confiar em uma ordem maior — seja ela divina, cósmica ou ética — e a disponibilidade do outro ("estamos aqui") formam a base da resiliência psicológica.
Em suma, este diálogo encapsula a ética do cuidado necessária para o nosso tempo: reconhecer nossa vulnerabilidade (o pedido), afirmar nossa dignidade cósmica (a resposta de Wanda) e confiar no mistério da vida apoiados na comunidade (a resposta de Anderson). Como diria Lévinas, é no rosto do outro e na responsabilidade para com ele que encontramos o infinito.
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